2 passos contra a tuberculose

O Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch. CDC/Dr. George P. Kubica

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Os tratamentos atuais têm cada dia mais difícil vencer a bactéria que causa a tuberculose. O bacilo de Koch aprende, como muitos outros, as estratégias de antibióticos com que atacamos e desenvolve mecanismos que o tornam resistente a eles. É o caso de um dos mais eficazes, isoniazida, que já não pode com algumas mutações do bacilo. No entanto, essas variantes reforçadas encontram-se com a forma de seu sapato em plena natureza.
De acordo com a publicação no EMBO Molecular Medicine, a equipe de Stewart Cole, da Escola Politécnica de Lausanne (Suíça), existe uma bactéria capaz de acabar com elas. A Dactylosporangium fulvum segrega uma substância antibiótica, chamada piridomicina, “que inibe uma enzima fundamental na composição da parede celular, muito frágil. Então a parede se quebra e a bactéria se abre para se decompor”, explica Cole. Curiosamente, é o mesmo que tenta, sem sucesso, o fármaco isoniazida.
Enquanto estudavam o mecanismo, se deram conta de que a resistência do bacilo ocorre porque muta um único gene, e ao expor esta jogada de sobrevivência o computador para abrir a porta para o desenvolvimento de novas drogas que a façam falhar.
O objetivo dos pesquisadores é agora sintetizar essa substância em laboratório para produzir variantes com melhores propriedades destinadas à produção de medicamentos, algo que Cole estima “ainda vai demorar alguns anos”
As propriedades antibióticas do piridomicina se conheciam desde 1953, mas não foi anteriormente estudado com detalhe. Cole considera que a sua investigação pode dar um impulso à análise das substâncias que a evolução desenvolve nos microorganismos: “nós temos observado outros 16.000 produtos naturais e encontramos outros candidatos, mas ainda temos que trabalhar muito com eles”.
Enquanto isso, um trabalho liderado por seu colega de laboratório João Neres deu outro passo em frente na luta contra a tuberculose, que é cobrado 2 milhões de vidas por ano. A pesquisa, publicada na revista Science Translational Medicine, confirmou a grande eficácia de um dos principais candidatos a uma nova geração de medicamentos.
O chamado BTZ043 se fixa de forma irreversível a uma proteína do bacilo de Koch e anquilosa seu crescimento. “Essa proteína é o objetivo de outros compostos, mas nenhum é tão poderoso como este”, diz Neres, o que lhe confere maiores possibilidades de chegar à prática clínica. Além disso, a pesquisa permitiu determinar a estrutura tridimensional da proteína alvo e “o saber de que forma se dobra, se podem fazer alterações no composto que aumentem a sua eficiência ou investigar compostos novos que se encaixam melhor para ela”, acrescenta o pesquisador.
O BTZ403 foi desenvolvido em 2009 por uma clínica russa que faz parte do grande consórcio de universidades e farmacêuticas em busca de novos medicamentos para controlo da tuberculose. No entanto, a licença da patente foi adquirida mais tarde pela farmacêutica americana, Inverness Medical Innovations, que foi seguido desarrollándolo.
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