A psicologia japonesa

Terremoto no Japão, 1923
Reforçados do desastre
Especial emergência nuclear
Diante da recente tragédia que vivem os cidadãos japoneses, em Quo nos temos proposto como levam a situação. Suas reações, vista várias vezes os meios de comunicação, não nos deixa dúvida de que existem diferenças marcantes entre as duas culturas: a sua e a nossa. Sua reação, contida e medido em todo momento, chama a atenção para o resto de cidadãos do mundo… e é que a forma de levar o luto e a dor da infelicidade dos cidadãos do Japão, para muitos de nós é realmente surpreendente.
O povo japonês dinamiza bem suas emoções e comportamentos. De fato, estabelecem dois tipos de comportamento dependendo de onde se encontram: o tatemae (comportamento em público) e o honne (emoções e sentimentos da pessoa). Acreditam muito em energias e, por isso, também, que tentam fazer esse trabalho de contenção com suas expressões: para evitar prejudicar os que estão ao seu redor. São um povo muito unido e que luta por sua comunidade.
Para tentar conhecer melhor a psique japonesa, conversamos com Miguel Ângelo Cristóvão Carle, psicólogo clínico de Healthywork e especialista no estudo de diferenças culturais. Nos deu 6 respostas que você não pode deixar de ler:
1. Como é possível que os japoneses estejam mantendo sem cair em pânico com o que está acontecendo? Como são feitos de outra pasta diferente para nós?
Os japoneses sentem como nós, mas culturalmente aprenderam a se manter inteiros, para não carregar a que os rodeiam de sua pena ou do seu horror e a olhar com coragem para as desgraças que têm sofrido ao longo da história. Não sei se é uma outra pasta, é simplesmente o resultado de mamar outra cultura.
2. Como se vive o luto na cultura japonesa?
Como em todas as culturas, cada pessoa vive o luto de uma forma distinta e não há maneiras boas ou más maneiras. Os japoneses culturalmente têm uma vida interior muito rica e aprendem a não sobrecarregar seus entes queridos, nem às pessoas que os rodeiam com seus problemas ou com a sua dor. O duelo se elabora na intimidade e no seu grande e forte mundo interior.
3. É positiva essa “introvertido” forma de enfrentar a adversidade?
Por um lado, o Japão é um dos países com maior índice de suicídios do mundo, mas não acho que se deva a sua forma de lidar com a adversidade. Ao fim e ao cabo, para nós ocidentais, o que não nos serve o exemplo das pessoas que se mantenham serenos e fortes nos maus momentos? Não devemos julgar se uma forma ou outra de enfrentar a adversidade é boa ou má. O japonês aprendeu desde pequeno que a integridade e o respeito ao outro é como se deve lidar com o mal, em grupo. Fazê-lo de outra maneira que sim, que poderia ser negativo.
4. Quando passar um pouco mais de tempo do recente desastre… Como enfrentarão psicologicamente os japoneses a reconstrução do Japão?
Com a coragem que caracteriza a este povo. O japonês leva um samurai dentro, estabelecer seu luto pelo o que foi perdido, pessoal e material, e, como sempre, em grupo, solidariedade e muito trabalho reconstruirán o país inteiro
5. Como contrasta a cultura japonesa com a nossa, ao se deparar com este tipo de dor?
Historicamente tem havido períodos em que à dor se contratavam portas, ou na época do Romantismo, a gente gritava e puxava meus cabelos, mesmo se matava. Culturalmente também encontramos diferenças na maneira de enfrentar a dor. Nossa cultura expressa os sentimentos, chora e sente fraqueza nas pernas. A japonesa faz tirar a força de dentro, a força física e espiritual. Ninguém pode dizer que uma forma seja melhor do que a outra.
6. Perante a explosão de mais reatores nucleares… Como podem reagir com os japoneses?
Como estão reagindo. Com extrema prudência, ouvindo seus líderes para saber como têm que se comportar e que é o melhor a fazer. Cada japonês reagirá como o grupo solicitado e sempre de uma forma controlada e civilizada. São um grande povo.
A psicologia japonesa