Em busca da simplicidade

Sua voz interior
Ouvir o silêncio
Em que idioma pensa um surdo de nascença?
A língua nasceu na África
Não há nada mais difícil do que a simplicidade. Especialmente se você quer melhorar a sua forma de falar e de escrever.
Infelizmente, como o senso comum é o menos comum dos sentidos, a naturalidade costuma brilhar por sua ausência em tudo o que dizemos e escrevemos. Achamos, erroneamente, que falamos de forma simples. Nos parece, porque não há nada mais natural do que a fala.
Aos dois anos de idade, nos solta a língua e, depois, ninguém nos para. As estruturas gramaticais que empregamos ao falar são extremamente complexas. Para que nos entendam, recorremos a muitos elementos que estão ausentes na escrita: linguagem corporal, contato visual, tom de voz, o contexto em que estamos inseridos e a capacidade de responder às perguntas que nos fazem.
Se lermos a transcrição de uma conversa que não ouvimos, com pessoas que não conhecemos, provavelmente entenderíamos muito pouco. O mais certo é que vamos ter que decodificá-lo. Em outras palavras, a linguagem oral aguenta muita complexidade. O verdadeiro problema, porém, não está em discussão, mas o que escrevemos.
Em nossos textos, tendemos a reproduzir o espaguete orais que hilamos ao falar. Como não puntuamos o oral, escrevemos proposições intermináveis e, muitas vezes, o único sinal que usamos é a vírgula, procurando marcar as pausas. Mas lembre-se que a pausa pertence ao domínio da oralidade!
A escrita requer que as relações gramaticais entre as nossas orações sejam perfeitamente explícitas e a pontuação correta é o meio para que assim seja. Na hora de escrever, tendemos a repetir palavras e, até mesmo, idéias. Nos mostramos inseguros e gostamos de dizer a mesma coisa duas ou três vezes, não vá ser que o leitor está distraído.
Mas lembre-se de como nos sentimos quando lemos um texto clichê: parece uma agressão à nossa inteligência e sensibilidade. Os leitores procuramos uma progressão lógica de ideias, sentimentos e emoções. Queremos montarnos na onda que imaginou o escritor. Queremos viajar e experimentar —intelectual e emocionalmente— o que se nos propõe.
Para isso, devemos empregar uma sintaxe clara dentro de estruturas gramaticais digeríveis. É preciso usar as palavras certas para cada fenômeno e com a pontuação adequada. Isto, longe de diminuir o nosso pensamento, torna sólido e —mais importante— compreensível.
Em busca da simplicidade