Inveja da boa

A ceia era celebrada em honra de Sophia Loren, até que uma deslumbrante (e não convidada) Jayne Mansfield invadiu o restaurante, a estrela italiana não conseguiu disfarçar seus intensos ciúmes ao verificar que Mansfield podia grupos.

Tipos de inveja
Pecado capital
Você pode Me dar uma?
Amigo cão
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O que é que te levaria a pagar 80 euros por um iPhone? Tê-lo visto em mãos de outro e ter querido pisotearlo (o proprietário). Sim, o preço que podem sair em qualquer loja será a penitência, o mais vergonhoso dos pecados, a inveja, segundo garantem os resultados de um estudo dirigido pelo holandês Niels van de Ven e publicado no Journal of Consumer Research. Mas só se acha (mesmo a seu pesar) que o tipo merecia o telefone com toda a justiça. Se, pelo contrário, atribuyes sua vantagem tecnológica para os mimos de seu pai, sua atitude de subida ou a sua capacidade para apropriar-se do alheio, nem mesmo você quererá um iPhone. Seu desprezo por seus métodos levá-lo a escolher um produto similar, que permita medir-se, mas não se identificar, com o teu adversário, como um Blackberry. Até mesmo aceitar um preço alto por ela. À vista de seus resultados, Van de Ven aconselha os fabricantes considerar que modelos escolhidos em suas campanhas, para não acabar favorecendo a concorrência.
MEDO DA DESIGUALDADE
Porque “as pessoas estão dispostas a gastar recursos de qualquer espécie (dinheiro, tempo, esforço…) para reduzir a diferença no nível de bem-estar material com outras pessoas mais ou menos próximas, de acordo com Antonio Cabrales, professor de economia da Universidade Carlos III (Madrid), que analisou as implicações da “aversão à desigualdade” no ambiente econômico e empresarial.
Para abordar estes temas costuma usar jogos de laboratório em que se pede a um voluntário que disputar com outro, por exemplo, um bolo imaginário em certas proporções (do tipo 20% para si, 80% para mim). O destinatário da oferta que não aceita ficar sem nada. “Se lhe importasse o seu próprio bem-estar, aceitaria mesmo que o outro consiga 99% e só lhe desse a ele o 1%, antes do que não receber nada”, explica Cabrales. “No entanto, quase todo o mundo diz que nem falar isso. O limite admissível se situa em um negócio 75/25”.
Poderíamos pensar que tal reação se deve a um senso inato de justiça, mas quando as propostas, há um computador a um grupo de pessoas, a situação muda radicalmente. “Então, se assentará, a negócios 70/30 à primeira, por mais injustos que sejam, por medo de deixá-los passar e que os leve o próximo”, afirma o professor, que tem buscado as razões evolutivas de tal comportamento. Sua hipótese aponta para que o nosso instinto não consente que alguém tenha mais, porque tememos as vantagens que isso possa lhe proporcionar no futuro. Imagine dois macacos-prego, de que a pessoa come uma banana e fica saciado, e o outro come dois. O primeiro está satisfeito, mas “e se ambos tentam cópula e o mais gordo e de cabelo mais brilhante e leva a fêmea?”, levanta Cabrales. “Pois o primeiro preferível que nenhum dos dois vírgula nada e chegar à segunda fase, nas mesmas condições.” Se, em vez de macaco é pessoa, se encarregará de que não se nota o desejo, acima de tudo, porque a inveja surge para as pessoas do seu ambiente mais próximo. Temos já tão assumido que Cabrales e sua equipe foram detectados estratégias enraizadas no mundo empresarial e dirigidas em grande parte para evitar suas consequências devastadoras:
– Lei da desigualdade. Há uma tendência para que todos os funcionários tenham o mesmo nível de capacidade, até o ponto de deixar de ir a muito valiosos por não pagar mais.
– Salário medíocre. Os bons ganham menos do que deveriam por seu desempenho, e os maus, mais.
– Os caminhos estão muito mais lentos do que o que corresponderia por conquistas do trabalhador.
ALGO MAIS QUE DINHEIRO
Independentemente de onde aconteça, a intensidade dessa paixão, que a nossa cultura identifica-se com o verde e a alemã, com o amarelo, ficou patente em um experimento de os economistas britânicos Andrew Oswald e Daniel Zizzo. Após entregar o ouro de forma desigual entre os participantes, ofereceram ir pagando cada vez mais por destruir os ganhos dos outros. 62% deles queimou o ouro de seus oponentes em uma espiral devastadora que os levou a excluir quase a metade da receita do grupo. Enquanto os mais beneficiados inicialmente atacavam por igual a ricos e pobres, os mais desfavorecidos, é cebaban especialmente com aqueles que consideravam injustamente vencedores. Apesar disso, o mais provável é que não se tratasse do dinheiro em si, mas do status que fornece. Só isso explica que os habitantes de nações ricas não sejamos muito felizes por princípio. O também britânico Chris Boyce tentou buscar uma explicação para esse fenômeno e relacionou o nível de satisfação de seus compatriotas com os seus rendimentos. Os mais felizes eram os que mais ganhavam, mas aqueles que mais pagava dentro de seus grupos de idade, formação, sexo, bairro, etc.
SE NÃO BATER, USE-A
E já há quem conseguiu dar um giro positivo a essa permanente alerta ante as conquistas do vizinho. Algumas empresas norte-americanas de fornecimento de energia fazem com que seus assinantes reduzam o gasto enviando-lhes uma lista com o consumo de outros cem clientes do bairro escolhidos ao acaso, e destacando-se os campeões do mês em eficiência. Embora o benefício social também pode surgir de forma não intencional, desta vez por parte das “vítimas”. Niels van de Ven (o do estudo sobre o iPhone) também descobriu que, quando alguém percebia que era alvo de inveja agressiva, sem desejo de emulação por parte do outro, mostrava-se muito mais propenso a ajudar os outros. Com essa boa disposição era mais difícil tentar fastidiarle e restituía a harmonia dentro do grupo.
Ao fim e ao cabo, a pertença a uma comunidade constitui a principal razão para que elas apareçam com acentuada intensidade tanto a animosidade para com o próximo, porque tenha algo que desejamos, como o inegável alegria se lhe aconteça algum mal. Este último sentimento recebe em alemão, o nome de schadenfreude (literalmente, uma alegria por o dano), e parece ser maior quanto pior você vá ao invejado.
EM CORPO E ALMA
De acordo com descobriu uma equipe do Instituto Nacional de Radiologia do Japão (quadro na página seguinte), processamos as duas sensações com os mesmos circuitos cerebrais que a dor e o prazer físicos. No mesmo número da revista Science, que publicou o estudo, os psicólogos Matthew Liebermann e Naomi Eisenberger consideram essa coincidência como um indício da importância evolutiva de ambas as sensações. Se são gerenciados de acordo com os mesmos recursos fisiológicos que as reações a fome, a sede e o frio, e a agradável em busca de soluções (comer, beber ou abrigarnos) essenciais para sobreviver, é porque tanto a inveja como a schadenfreude também o são. Nos ajudam a situar-se dentro do grupo, e alguns seres cujas crias necessitam de outros para ir em frente, são obrigados a dominar a inter-relação social. Para saber quando não devem permitir que o outro se coma uma banana, por se lhes tira o casal.
ELES TAMBÉM Fariam
De fato, verificou-se que os macacos-prego e os chimpanzés apresentam sem pudor esses comportamentos.
E também os cães. Friederike Range, da Universidade de Viena, pôde observar em 43 exemplares de várias raças como Toby e companhia se recusavam a dar a pata se tinha ao lado um companheiro que recebia uma recompensa por esse gesto, e eles não. Se a situação se repetia, chegaram a deitar no chão, apartavam o olhar e deixando de reagir aos gestos dos pesquisadores. Range prefere denominar essas atitudes “aversão à desigualdade”, mais do que inveja. Talvez porque nenhum dos cães desejou que seu colega ao lado vai sentar um pouco (só um pouco) o mal da comida que lhe ofereciam. Por sinal, foi meu companheiro Atual que estava passeando pela Silicon Valley. Não eu. Passariam do menu, eu acho.
Inveja da boa