Nanismo mas não câncer

O grupo de pessoas que não desenvolve câncer ou diabetes. / Crédito: J. Guevara-Aguirre e V. Longo/Science Translational Medicine.

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Uma população de pessoas com síndrome de nanismo que vive no Equador e quase nunca sofre de diabetes ou câncer. Assim o assinala um artigo publicado na revista Science, que tem estudado as mudanças genéticas destas pessoas e que poderia ajudar a alcançar novos caminhos para combater as doenças e alcançar uma vida mais longa.
Em concreto, trata-se de um grupo de cerca de 100 pessoas aparentadas descendentes de conversos espanhóis, judeus que se converteram ao Cristianismo, para evitar a Inquisição. Seus membros têm uma mutação no receptor de hormônio de crescimento ou gene GHR, que atrofia o seu crescimento.
Os autores do estudo, uma equipe internacional de que participa o espanhol Alejandro Martín-Montalvo, do Centro de Pesquisa Biomédica em Rede de Doenças Raras (Ciberer) de Sevilha, apontam que a mutação do GHR nesta população equatoriana é muito semelhante às alterações genéticas que fazem com que os organismos simples, como a levedura do pão vivam uma vida longa e que sejam também resistentes às toxinas.
Para chegar a essa conclusão, os cientistas estudaram os resultados de um acompanhamento exaustivo durante 23 anos, de todas essas pessoas, e realizaram uma análise de expressão genética de milhares de genes de amostras de sangue. Os dados apontam que, nesta pequena população, os indivíduos que carregam a mutação do gene GHR quase nunca têm câncer ou diabetes, enquanto que os parentes sem a mutação desenvolvem ambas as doenças a taxas semelhantes às da população brasileira em geral.
Segundo os pesquisadores, os achados também consideram que a inibição do receptor de hormônio de crescimento em indivíduos que alcançaram já a altura normal de adulto poderia potencialmente prevenir várias doenças do envelhecimento, incluindo o cancro e a diabetes.

As fotos mostram a população equatoriana em 1988 (A) e 2009 (B) que carece do receptor de hormônio de crescimento e quase nunca sofre de diabetes ou câncer.
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